Eu não pedi pra nascer

Era uma vez um menino que vendia bala no sinal. Um dia ele não conseguiu vender nada e quando chegou em casa e sua mãe falou :

_Isso e hora de chegar, cadê o dinheiro, eu tô esperando pra min fumar, pra min beber !

E o menino falou :

_È que eles não me deram nada hoje.

E sua mãe falou:

_Se não tiver nada em seu bolso, você vai apanhar porque hoje eu estou a fim de te matar.

E o menino chorava de tanto apanhar gritando:

_Para mãe, tá doendo.

No outro dia resolveu contar toda a sua história para um amigo chorando, falava:

Certo dia eu acabei batendo o braço no vidro do carro e no meu braço destacava queimadura de cigarro. Vinha na chuva forte só de camisa e chorte. Certo dia uma pneumonia tentou me levar à morte, e meu amigo falava:

_Eu sei que você não pediu para nascer, mas tem que tentar ser feliz.

E o menino falou:

_outro dia a infância dominou meu coração gastei o dinheiro que eu ganhei com álbum do timão queria ser criança normal que niguem puni, que pula amarelinha e joga bolinha de gude, cansei de só olhar o parquinho ali perto e sentir inveja dos muleques fazendo castelo. Quantas vezes volu morrer por isso. Obrigado meu Deus por um dia de sorriso, a noite as costas arderam no coro da cinta, tacou minha cabeça no chão me fez engolir figurinha por figurinha e naquela noite eu fugi da minha simples casinha.

Sidnei Martins e Paulo